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Crônica: Espumante do Nôno
Conheça a história do primeiro Espumante Goethe do mundo
Olá,
Você sabia que o primeiro Espumante Goethe do mundo foi produzido em Urussanga? Idealizado por Renato Damian, um dos fundadores da vitivinícola Casa Del Nonno, o espumante aproveita todo o potencial e particularidade da simbólica uva Goethe.
Essa é a curiosidade que vim trazer para você essa semana. Resolvi escrever uma crônica contando uma versão, imaginada por mim, de como surgiu a inspiração para essa produção singular.

Primeira garrafa de Espumante Goethe elaborada no mundo. Produzido pela Vinícola Casa Del Nonno. Foto: Cleber Bonotto
Espumante do Nôno
Desde pequeno, acompanhei meu nôno na busca incansável por um espumante único. Acostumado com a produção de vinho, tradição na família, resolveu investir seu tempo na produção de espumantes quando se aposentou. Várias foram as tentativas, mas nada atingia o objetivo esperado. Via a persistência de meu avô e questionava: “Não é mais fácil comprar pronto?”. Ele sempre me respondia: “Renato, a magia está no ato de produzir”. Testou diversas variedades de uvas, mas sempre encontrava um ponto negativo. Doce demais. Muito forte. Azedo. Ácido. Muito encorpado. Que cansativo. O tempo passou, eu cresci e meu avô se foi. Ficaram comigo apenas as lembranças e o gosto por vinhos.
Certo dia, ao procurar por uma ferramenta no cômodo apelidado carinhosamente de “quartinho da bagunça”, acabei encontrando um antigo álbum de fotos. Quantas memórias. Quando me dei conta, estava a mais de trinta minutos vendo as fotografias com um sorriso no rosto, relembrando os tantos bons momentos que vivi debaixo das parreiras de uva do vovô. Passou. Mas as lembranças não desapareceram, pelo contrário, se faziam cada vez mais presentes. Pensei, pensei, pensei, e de todos os vinhos e espumantes provados, eu também não tinha encontrado um para chamar de meu. Nôno tinha razão. Talvez a magia realmente esteja no ato de produzir.
Retomando a tradição da família, revivendo as parreiras de Goethe, único tipo que meu avô plantou mas não conseguiu testar, iniciei a busca pelo espumante para chamar de meu. Testei diversas variedades de uvas, mas sempre encontrava um ponto negativo. Doce demais. Muito forte. Azedo. Ácido. Muito encorpado. Que cansativo. A cada frustração, percebia que meu avô estava certo nas suas colocações.
Em 2009, para minha surpresa e felicidade, após muitos experimentos, passando etapa por etapa, encontrei a minha bebida! Ou melhor, a nossa bebida! Tenho certeza que agradaria o vovô. No aroma, ele é intensamente fresco, jovem, frutado. Na cor, um amarelo suave, perlage fina e intensa. No sabor, é macio, persistente, com acidez equilibrada e refrescante. E quem diria que eu conseguiria tudo isso através de uma uva que encontro em casa? Foi com uva Goethe, tradicional na região, que atingi esse resultado. Sempre encantou o mundo gerando bons vinhos, mas espumante foi novidade. O esforço de anos valeu a pena. Sonho realizado graças as parreiras cultivadas na casa do nôno.
Você acha que a inspiração para a produção dessa bebida tão única foi realmente assim? Ainda não tenho a confirmação, mas me alegra pensar nessa possibilidade.
Te espero na próxima semana, as 17h, com uma nova curiosidade do mundo dos vinhos!